Samstag, 29. September 2012












sussurrando à rosa
alguma coisa em segredo
ela corta a rosa

Kuroda Momoko

in O japão no feminino II, sec Xvii a XX, (assírio e alvim, 2007)
versão portuguesa de Luísa Freire

(imagem: Yuriko Toi)

Donnerstag, 27. September 2012

NOS DIAS TRISTES NÃO SE FALA DE AVES

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos dias tristes não se fala de aves.
Liga-se aos amigos e eles não estão
e depois pede-se lume na rua
como quem pede um coração
novinho em folha.
 
Nos dias tristes é Inverno
e anda-se ao frio de cigarro na mão
a queimar o vento e diz-se
- bom dia!
às pessoas que passam
depois de já terem passado
e de não termos reparado nisso.
 
Nos dias tristes fala-se sozinho
e há sempre uma ave que pousa
no cimo das coisas
em vez de nos pousar no coração
e não fala connosco.
 
Filipa Leal

Montag, 24. September 2012

Der Radwechsel

 

 

 

 

 

 

 


 

Der Radwechsel

Ich sitze am Straßenhang.
Der Fahrer wechselt das Rad.
Ich bin nicht gern, wo ich herkomme.
Ich bin nicht gern, wo ich hinfahre.
Warum sehe ich den Radwechsel
mit Ungeduld?

Bertolt Brecht



A mudança de roda

Estou sentado na berma da estrada.
O condutor muda a roda.
Não gosto de estar de onde venho.
Não gosto de estar para onde vou.
Porque observo a mudança de roda
com impaciência?

trad.: aa

Der Brunnen

 

 

 

 

 

 

 


 

Der Brunnen

Im verbrannten Hof
Steht noch der Brunnen
Voll Tränen
Wer weinte sie
Wer trinkt seinen Durst leer


Rose Ausländer aus  "Andere Zeichen" (1975)


O poço

No pátio queimado
Encontra-se ainda o poço
Cheio de lágrimas
Quem as chorou
Quem mata a sua sede

trad: aa


Sonntag, 23. September 2012

Allein










Allein
Ich lebe allein
mit dem Lied

Meine Fragen
werden nicht fertig

Der Himmel antwortet
nein
ja

Ich weiß nicht
wo das Ende beginnt
der Anfang endet


(aus: Rose Auslander: Ich höre das Herz des Oleanders. Gedichte 1977-1979, 1984)


Eu vivo só
com a canção

As minhas perguntas
não ficam prontas

O céu responde
não
sim

Eu não sei
onde começa o fim
termina o início

trad.: aa

Abschied








Abschied
Du denkst deinen
strömenden Tag
schwimmst mühsam
durch das Stundenwasser
Die Nacht
denkt dich
von Stern zu Stern
Im Schlafwandelatem
du merkst nicht
dass du Abschied nimmst

(aus: Rose Auslander: Im Aschenregen die Spur deines Namens. Gedichte und Prosa 1976, 1984)



Despedida
Tu pensas o teu
dia corrente
nadas penosamente
através da àgua das horas
A noite
pensa-te
de estrela em estrela
No fôlego sonâmbulo
não reparas
que dizes adeus

trad: aa