Samstag, 11. April 2009

http://static.picassomio.com/images/art/pm-12063-large.jpg

Nunca fui como todos

Nunca tive muitos amigos

Nunca fui favorita

Nunca fui o que meus pais queriam

Nunca tive alguém que amasse

Mas tive somente a mim

A minha absoluta verdade

Meu verdadeiro pensamento

O meu conforto nas horas de sofrimento

não vivo sozinha porque gosto

e sim porque aprendi a ser só...

Florbela Espanca
http://www.anossaancora.org/pagina/images/dia_pai_2003.jpg

O Pai


Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

Freitag, 10. April 2009



Parece-me que a humanidade precisa de finalmente amadurecer.

Uma criança atribui poderes divinos aos seus pais, não conhece reponsabilidade, nem dever. Mas à medida que cresce, reconhece em si os poderes dos pais. Revoltando-se inicialmente contra essa realidade, acusa os pais de impostores, recusa esses poderes, apesar de os usar, quando lhe convém, sem responsabilidade e sem dever. Com o progressivo amadurecimento, reconhece que o erro de percepção foi seu, devido à sua inexperiência, e aceita a adultícia, com os deveres e responsabilidades inerentes.

Falta darmos o último passo, como Homens e Mulheres: aceitar o nosso poder como espécie, aceitar o Bem e o Mal de que dele advém e aceitar que a transcendência está em nós.

O difícil é o abandonar da esperança, de que há-de vir alguém e salvar-nos.

aa



“There is a vitality, a life force, a quickening that is translated through you into action, and there is only one of you in all time, this expression is unique, and if you block it, it will never exist through any other medium; and be lost. The world will not have it. It is not your business to determine how good it is, not how it compares with other expression. It is your business to keep it yours clearly and directly, to keep the channel open. You do not even have to believe in yourself or your work. You have to keep open and aware directly to the urges that motivate you. Keep the channel open. No artist is pleased. There is no satisfaction whatever at any time. There is only a queer, divine dissatisfaction, a blessed unrest that keeps us marching and makes us more alive than the others.”
Martha Graham