A propósito de uma discussão amigável
Do Outro ao nosso lado ou à nossa frente só vemos a sombra projectada na parede da caverna porque não o podemos ver de dentro para fora, como nos vemos a nós.
O Conhecer...
Temo que não acredito que se possa conhecer o Outro na sua íntegra. Porquê?
Em primeiro lugar era preciso que o Outro se conhecesse a si próprio profunda e absolutamente, o que é raro, porque, como bem disseste, nós somos seres mutáveis, interconectados.
Em segundo lugar, era preciso que esse conhecimento pudesse ser comunicado a mim, na sua essência. A conditio sine qua non para que isso acontecesse seria a existência da comunicação perfeita. Ora, a Humanidade sabe, desde o tempo dos mitos, que a comunicação absoluta entre dois seres é algo divino: na alegoria da Torre de Babel, Deus destrói essa possibilidade por ter inveja da unidade que esse entendimento gera - divide et impera.
E em terceiro lugar, era preciso que eu, como receptor, fosse vácuo para não modular a mensagem perfeita do meu Próximo. O esvaziamento de si é procurado por muitos místicos para alcançar o Preenchimento total pelo divino ou Eterno, como eu lhe chamo.
Procuro conhecer o Outro, mas confesso ainda me encontrar no primeiro passo - conhecer-me a mim, para me poder esvaziar de mim.
E então ser vaso para o Outro.
1 Kommentar:
Muito interessante o teu comentário!
Conhecer o Outro e a nós mesmo não são actos incompatíveis mas sim compostos de simultâneidade.
Para conhecer o Outro invento-me,cresço, crio elos e dialectos e sobretudo comparo-me para cada vez me conhecer melhor.
Somos,em parte,o reflexo dos outros en nós, umas vezes anjos benévolos outras vezes torres de babel de nós mesmos.
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